As primeiras obras que li de Jojo Moyes – os 3 livros da série “Viver Depois de Ti“, cuja opinião podem ver aqui, aqui e aqui – tornaram-me fã da autora de forma imediata. Fiquei completamente rendida à sua escrita simples e marcante, pelo que nos últimos anos tenho tentado pegar noutros dos seus títulos. Portanto, quando vi que a Porto Editora iria lançar este “As Mensageiras da Esperança” soube que tinha de ler, e agradeço imenso o envio do exemplar.
Neste novo livro, Jojo apresenta-nos um registo bem diferente daquelo a que estamos habituados, mas com a mesma qualidade. Em vez de um romance arrebatador, deparamo-nos com a história de um grupo de mulheres que se juntaram, de certa forma por coincidência, e com um objetivo em comum: integrar a equipa da biblioteca itinerante e entregar livros.
À primeira vista, este objetivo pode parecer um retrato simples dos ideais de alguém que preza a educação acima de tudo. No entanto, a iniciativa é muito mais do que isso. É o fornecer de novas oportunidades a quem não tem condições para seguir uma vida académica ou de um refúgio emocional a quem necessita de fugir da realidade, nem que seja por breves momentos.
De facto, a autora leva-nos numa viagem atribulada pelas montanhas do Kentucky e apresenta-nos a personagens tão genuínas, fortes e bem definidas que é impossível não nos deixarmos levar pelas emoções que elas vivem. Rapidamente nos sentimos parte da história e próximos destas mulheres que lutam pelos seus objetivos, mesmo que para isso tenham de ir contra as opiniões e estereótipos da sociedade que as rodeia.
Este livro mostra ao leitor um retrato duro e cru de uma sociedade rural dos anos 30, onde aquilo que os outros pensam de alguém é o suficiente para definir toda a sua vida. Uma época em que as mulheres são talhadas para ser donas de casa e marionetas dos maridos, onde o seu passado pode ditar o seu futuro e as suas escolhas marcar ou limitar o seu presente.
Alice e Margery as nossas personagens centrais são duas mulheres habituadas a encarar a vida de formas muito diferentes, mas são também as circunstâncias que as unem numa luta muito maior. Uma luta pela independência, pelo respeito e pela igualdade. Embora percam muitas batalhas, nunca se dão por vencidas, pois ambas sabem o seu valor e conhecem os seus direitos.
É doloroso acompanhá-las nos seus momentos mais complicados e confesso que eu me senti tão revoltada como elas perante as atitudes e pensamentos retrógrados de algumas das outras personagens. É assustador pensar na forma como antigamente a sociedade era tão rápida a julgar toda e qualquer pessoa que fizesse escolhas diferentes ou tivesse padrões de vida fora daquilo que se achava “aceitável”. Na verdade, a nossa liberdade termina onde começa a do próximo, mas é importante saber respeitar as opções dos outros quando elas não afetam as nossas, e o facto de muitas vezes isso não acontecer demonstra que algo está errado.
Este livro é mais uma boa representação dos defeitos da espécie humana e, embora os situe numa época específica, é necessário ter noção de que muitos destes ainda se mantêm atualmente. Desta forma, acredito que este livro não se limita a entreter o leitor. Pelo contrário, funciona como um meio de disseminar uma mensagem importante. É um apelo à igualdade de oportunidades, ao respeito pelos outros. No fundo, é um apelo à evolução de pensamentos, pois os atos são influenciados por aquilo que se pensa e nem sempre o que é entendido como uma tradição ou como socialmente correto é, de facto, correto.
Jojo Moyes conseguiu, mais uma vez, prender-me a uma leitura interessante e cheia de dinâmica, que me transportou para um contexto completamente diferente. Recomendo este livro a qualquer tipo de leitor e acredito sinceramente que ninguém conseguirá ficar indiferente à sua narrativa!
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A minha classificação:
Título Original: The Giver of Stars
Título em Português: As Mensageiras da Esperança
Autor: Jojo Moyes
ISBN: 978-972-0-03345-1
Editor: Porto Editora
Sinopse: Alice Wright casa-se com o belo americano Bennett Van Cleve na esperança de escapar a uma vida sufocante, em Inglaterra. Mas a pequena cidade de Kentucky rapidamente se revela igualmente claustrofóbica, sobretudo vivendo Alice com o sogro autoritário. É então que é feito um apelo para a participação das mulheres da cidade numa equipa para entregar livros; um projeto da nova biblioteca itinerante de Eleanor Roosevelt. Alice adere com entusiasmo.
Alice conhece assim Margery, a líder desta equipa, uma mulher autossuficiente e de discurso inteligente que nunca pediu permissão a um homem para nada. A elas juntar-se-ão três outras mulheres singulares que ficarão conhecidas como as Packhorse Librarians of Kentucky.
A aventura destas mulheres – e dos homens que amam – torna-se um drama inesquecível de lealdade, justiça, humanidade e paixão. Estas mulheres, autênticas heroínas, recusam-se a ser intimidadas pelos homens ou pelas convenções. E embora enfrentem todos os tipos de perigos, não desistem da missão que abraçaram: levar a sabedoria, a leitura e o mundo fantástico dos livros até aos mais pobres e desfavorecidos.
Mas quando a comunidade de Baileyville se voltar contra elas, será que a determinação – e o poder da palavra escrita – será suficiente para as salvar?
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